Folha Universal

sábado, 3 de novembro de 2012


Que riqueza há maior?




Olá, bispo Macedo.
Meu nome é Paulo Pereira de Almeida, tenho 55 anos. Acompanhei aqui pelo blog a visita que o senhor fez, recentemente, a um presídio de São Paulo para lançar o livro “Nada a Perder”. Fiquei admirado com a atitude do senhor, pois só quem já esteve lá dentro sabe que mundo é aquele.

Eu nunca fui preso. Graças a Deus, o Senhor Jesus me fez conhecê-Lo antes que meus caminhos me levassem para a prisão física, entretanto, posso dizer que vivi por anos numa prisão espiritual marcada por doenças, perturbações e conflitos familiares, que só foram solucionados quando cheguei à Igreja Universal.

Uma vez salvo e batizado com o Espírito Santo, meu desejo era salvar, mesmo que para isso fosse preciso entrar no inferno aqui na Terra: a extinta Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo. Não é exagero da minha parte. Bispo, lá toda semana um preso era morto pelo outro companheiro de cela e com requintes de crueldade, como, por exemplo, o coração era arrancado e exposto aos outros detentos ainda batendo. Algo horrível para se lembrar.

O pavilhão que eu evangelizava era um dos mais perigosos, pois lá estavam apenas os criminosos mais temidos, condenados por latrocínio, assalto a bancos, homicídio, sequestro entre outros deste tipo. Eles também eram os mais respeitados do local, os donos do pedaço, que ditavam regras e mandavam matar.

Um dos momentos mais marcantes para mim foi quando, durante uma reunião com este grupo, eu falei acerca da fé, disse que eles não deveriam aceitar viver aquela vida, mas que havia uma esperança, que Jesus era a chance que eles tinham de apagar o passado e começar uma vida nova.

Era período de Fogueira Santa e, como eu já havia sido beneficiado por essa campanha inúmeras vezes, não podia deixar de falar sobre o sacrifício para eles. Foi neste momento que o preso mais poderoso lá de dentro, o chefe da gangue, tocado por Deus, levantou-se no meio de todos e me disse: “Eu tenho uma cela própria aqui dentro, vou vendê-la e sacrificar, vou dormir numa área com os outros. Vou vender também minhas roupas e meu tênis. Mas se esse Deus que você está falando não mudar a minha vida, eu vou ser pior do que já sou.”

Ele fez o propósito, realmente cumpriu o voto dele, e pouco tempo depois ele foi para o semi-aberto. Algo praticamente impossível de acontecer, pois ele já havia comandado rebeliões e ameaçado até mesmo o Diretor.

Rebeliões como a que eu tive de enfrentar no presídio de Raposo Tavares. Lá eu estava com mais 3 obreiros, prontos para a evangelização, quando tudo começou. O carcereiro, temendo pelas nossas vidas, pediu para que saíssemos o mais rápido possível, mas nós acabamos ficando junto dos organizadores do motim, eles nos cercaram e estavam prontos para nos matar. Neste momento, o medo deu lugar à intrepidez e a confiança em Deus fez toda a diferença. Eu levantei a Bíblia e disse que se eles derramassem nosso sangue, estariam trazendo mais maldição ainda para a vida deles, pois a nossa luta não é contra o sangue nem contra a carne. Comecei a falar de Jesus. De repente eles foram se acalmando, o silêncio se fez no lugar e as lágrimas começaram a rolar dos olhos deles. Encerrou-se a rebelião.

Bispo, eu fiz esse trabalho por muitos anos e minha maior alegria é quando encontro alguns ex-presidiários na rua, que pedem para me abraçar e agradecem por tudo. Quando isso acontece, eu digo que eles devem agradecer em primeiro lugar a Deus, por ser tão misericordioso e nos amar, mesmo diante de tantos erros que cometemos, e em segundo lugar, à Igreja Universal, que não mede esforços para acolher esses homens e mulheres que são considerados lixo para a sociedade, mas que uma vez limpos pelo poder da fé, tornam-se instrumentos nas mãos de Deus.

Paulo Pereira de Almeida

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